Hoje meu gênio de escorpiana foi provocado com força.
Começou com o McDonald's. Meu filho passou a semana toda e o domingo inteiro pedindo o tal do lanchinho que vem com brinquedo. Ok, fomos, lanchamos e ele pediu sorvete. Filhote é uma criança de paladar atípico, que ama tomate, come a maioria das frutas, não gosta de arroz nem de feijão e não como, de jeito nenhum, a casquinha do sorvete. Então, quando eu compro a casquinha de chocolate dele, sempre peço um copo prá colocar o sorvete e como a casquinha, porque não tenho dinheiro prá jogar fora. A bendita da lanchonete, prá começar, não vende sorvete no copo. Pombas, falta de opção pro cliente. Outra: tem um tal de um quiosque lá do lado de fora prá gente comprar sorvete. Pode comprar lá dentro, mas eles pedem prá você comprar lá fora. Vou eu comprar e pedir a habitual casquinha virada no copo. A vendedora não quis me dar. Disse que o copo é de uso dos funcionários e não pode ser dado. Porra, eu não sempre peguei? Tá, como eu não tava afim de briga, entrei de novo na lanchonete. Mui educadamente, me dirigi à gerente:
- Por favor, eu preciso de um copo para colocar o sorvete do meu filho e, caso você não possa me ceder um, gostaria de ser informada do preço dele prá poder comprar. Preciso do copo e pago o valor que você me pedir no pequeno objeto.
A moça fez uma carinha de sem gracinha, porque o lugar estava lotado, e me entregou um copo.
Essa foi a primeira do dia. Voltei prá casa e me puz a redigir a resposta pro bilhetinho idiota que um vizinho pregou no parabrisas do carro.
O conjunto tem 3 edifícios e não tem vagas prá todos os carros. Também não tem vagas cobertas. Um grupo de moradores se juntou e cobriu uma área na lateral do meu prédio. Tá, só quem pagou pode usar, mas como teve gente que foi se mudando, outros foram usando as vagas. Nosso carro fica em uma das vagas, que são superapertadas.
Um morador do prédio vizinho (vejam bem, nem mora no prédio onde fizeram a garagem coberta de vaquinha!) para o carro dele lá também, de cara de pau que é. E a vaga dele é do lado da nossa.
Hoje, quando eu entrei no carro, vi que tinha um papel no limpador:
"Por favor, estacionar de maneira correta o seu carro, devido a falta de espaço para sair do meu carro (banco-motorista). Obrigado, JR 20/08/10 aptº 403 Ed Piauí"
Os erros foram mantidos. Coloquei só as iniciais da assinatura.
Tá, prá quem estaciona no espaço que não lhe pertence, achei super cara de pau. Minha mãe disse que não achou que ele foi descortês. Mas eu achei folgado prá quem mudou há pouco tempo prá cá.
Ok, pensei. Sem resposta eu não deixo. Futucaram o escorpião! Voltei do lanche e me pus a redigir a resposta, que foi entregue de igual forma, pelo parabrisas do carro do dito-cujo:
"Vitória, 22 de Agosto de 2010
Caro Sr. JR:
Nossa família vive no Ed. Pernambuco há aproximadamente 36 anos. Sempre tivemos uma convivência harmoniosa e quase familiar com todos os que nos cercam. Nunca fomos intransigentes e sempre nos mantivemos abertos ao diálogo para resolver qualquer questão. Mas como o senhor escolheu este instrumento para comunicar-se conosco, é por ele que venho ter com o senhor.
Primeiramente, desculpo-me se caso, na correria do dia-a-dia, nosso veículo não foi estacionado de forma a proporcionar conforto para o senhor. Porém, creia, quando o seu veículo está estacionado ao lado do nosso, os ocupantes do lado 'carona' também têm dificuldades para abrir as portas. E como o senhor já deve ter notado, somos uma família 'de peso', se me permite o tom bem-humorado.
Infelizmente, quando estes edifícios foram projetados, os construtores não puderam prever que um dia faltariam vagas para abrigar os carros dos que têm a sorte de viver aqui - nasci aqui e adoro este lugar! Então, não nos resta outra alternativa a não ser nos apertar em vagas estreitas e contar com nossa perícia para fazer isto de forma eficaz. Eficaz mas não perfeita, dada nossa humanidade.
Finalizo garantindo ao senhor que todos os motoristas de nossa família são habilitados nas conformidades da lei. Eventualmente, um de nós pode não estacionar o carro de forma perfeita e milimétrica. Porém, não estacionamos neste espaço ou nenhum outro pela cidade de forma 'incorreta', como o senhor descreve em seu bilhete. E reforço nossa disposição para um diálogo franco, aberto e maduro para o enfrentamento desta ou qualquer outra questão.
Loredana Vimercati, em nome da Família Vimercati, aptº 201, Ed. Pernambuco"
Ah, me dá a licença?? Levou um toco prá deixar de ser folgado. e meu irmão me olha e comenta sorrindo: "até prá ser grossa você tem classe..."
É, né...?