quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Banalidades, besteiragens e pão de queijo

Eu sou povão. Sou mesmo. Gosto de tomar cerveja, não ligo se o betequim é simples, gosto de samba de roda (mas samba de raiz, que não tenho mais estômago prá pagode nessa vida), gosto do churrasquinho da esquina. Até como uns sushis vez ou outra, gosto do líquido de Baco numa noite fria, mas eu sou povão.
Então eis que hoje estava com minha mãe numa loja do povão. Esses magazines que vendem de tudo e mais um pouco, "bom, bonito e barato, minha gente!". Minha mãe olhava umas calças sociais pro meu avô, que faz 80 primaveras amanhã, eu peguei umas roupinhas pro Filhote (camiseta do Ben 10!) e fui olhar umas toalhas com barrado prá bordar, numa banca do outro lado.
Eis que adentra a loja uma senhora. Pela aparência de chiclete esticado, devia ser quase centenária. As mãos, então, minha Nossa Senhora do Bisturi Elétrico! Elza Soares perdia feio!
Salto altíssimo, bolsitcha Louis Vuiton, e a senhora sacodia a chave do carango importado enquanto gesticulava e falava com voz da Dona Benta. Eu troquei meus olhares com minha mãe, prendi o riso e continuei escolhendo as toalhas prá bordar (não sei se já comentei aqui, sou uma bordadeira de mão cheia, competente, caprichosa e, claro, modestíssima). Haviam toalhas de toda sorte, marcas boas e marcas inferiores. Eu não bordo nada em toalha muito ruim, porque a qualidade do trabalho vai por água abaixo.
Pois a senhora foi enchendo as mãos da pobre vendedora de toalhinhas. Claaaaro que eu reparei: ela foi na banca das toalhas baratinhas, tipo R$ 1,99. Essas toalhas são ásperas e deformam com o uso.
Continuei reparando e vi que, no balcão, a mulher tirou algumas toalhhas, não levando quase nada. "Ai, não vou levar isso tudo não, lindinha! é só toalhinha pro lavabo!"
Eu e minha mãe saímos da loja aos risos e comentei: é por isso que sobra grana prá plástica! Fico imaginando as aparências na residência da criatura... Tudo muito bonito... MAS FOI COMPRADO NA LOJA DO POVÃO!!!!
Daí, eu que conheço bem esse tipo de gente, bem de perto - depois conto porque - me acabo. A gente vai na casa dessa gente e a pose é uma coisa. Pois olha, se for ver de onde vem... E eles arrotam que é tudo importado - mania de pobre! Nada mais cafona.

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Falando em cafonice, ontem atendi no PA um paciente chamado Odair José. É claro que lembrei do cantor, homenageado não há muito tempo pelo Pato Fu, bandinha mineira que amo. Comecei a cantarolar "Pare de tomar a pílula" e a moçada lá da classificação de risco pegou no meu pé às gargalhadas.
Tá, cambada de bestão! Perguntei se alguém conhecia a atriz Patrícia Pillar. Sim, claro! Pois é, seus tapados, ela dirigiu um mega documentário sobre Waldick Soriano, pouco tempo antes da morte dele. Sou louca prá assistir. E ensinei quem era o Waldick. Falei prá eles que amava Reginaldo Rossi e foi outro festival de riso. Porra, o cara é um baita intelectual. Foi perseguido na época da ditadura militar, e tem uma bagagem cultural incrível. Adoooro ele!
Essa juventude tá perdida, meu Deusinho do Céu! Se perguntar a cor da cueca do Justin Bieber, todo mundo vai saber...

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Voltando prá casa, eu e minha mãe rindo dentro do carro da nobríssima senhora comprando toalhinhas na loja do povão, recordei do episódio que vivi com minha irmã no Shopping Vitória.
Dentro da C&A, há uns 15 anos atrás, duas senhoras, numa época de Natal, numa muvuca do cão, falavam enrolado uma com a outra e deixavam a vendedora louca. Na época eu estudava francês (hoje não lembro mais nada, não pratiquei e parei de estudar). A cotadinha da vendedora, de emprego temporário de alta temporada, louca prá mostrar eficiência e ser efetivada, perguntou de onde elas eram. Como eu vi que as senhoras não davam a menor pelota prás perguntas da moça, me meti a ajudar. Cheguei e me apresentei em francês, que era o idioma que elas tentavam dar a impressão que falavam. Perguntei o país de origem e elas disseram: France. Pois eu iniciei um diálogo e elas me olharam, se olharam e falaram:" Ãhn?! Je ne comprendo!"
Hahahahahahahahahahahahahahahahahaaaaaaa!!!!! Virei prá vendedora e falei em bom português (bom, se elas não entendiam meu idioma, não iam se importar com o que eu dissesse, neam?): "minha filha, essas duas deve ser lá de São Pedro (um bairro paupérrimo, miséria pura mesmo). Não se estressa não."
Ai, meu povo, as mulheres me fuzilaram com os olhos!!!
Acabei de lembrar o causo rindo sozinha estacionando bem na frente da padaria que faz o pão de queijo mais gostoso de Vitória. Daí rumamos prá escola prá buscar Filhote.
Eita vida...

2 comentários:

  1. Lô mandou muito bem no brega chic, Waldick Soriano é o estilo em pessoa! Achava muito louco aquela combinação chapéu e óculos escuros dele!

    Sobre os causos de loja é assim mesmo, trabalhei um tempo numa loja de tênis, é impressionante os tipos que aparecem!

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  2. Somos duas do botecão então..
    E eu sou fã do Odair José!
    Rá!

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abriram a concha: