Tá, prá merda o orgulho: eu ando carente prá caramba mesmo. Faz um tempo que estou sem sexo, e mais ainda sem boa companhia. Então eu ando de mau humor por causa disse também. Pronto, falei.
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Semana passada vou à farmácia comprar remédio pro Pai e encontro o ex, o Administrador, por lá. Papo amigável, oi tudo bom, como está? Ele é obeso, melhor, era. O ragazzo deve ter perdido uns 30kg. Claro, eu ainda não cheguei a isso tudo, daí fiquei olhando o progresso do rapaz. Pura força de vontade. Parabenizei o bonito. De verdade. Fiquei pasma com o esforço dele, porque ele pesava cerca de 140kg, e não podia fazer cirurgia bariátrica. Como em dezembro ele entrou na casa dos 40, e está com hipertensão, resolveu tomar uma atitude. Achei bacana. Rolaram uns elogios mútuos, uns sorrisinhos, coisas e tals.
Mas, como nem tudo são flores nessa vida, eis que o mancebo me vem com a pérola: "Lô, se eu não conseguir me vacinar (vacina contra gripe H1N1) aqui no posto do bairro, você me vacina lá no seu posto? Eu te pego em casa, prá gente ir junto - ele não sabe o caminho, nunca foi lá - daí eu me vacino."
Nossa, que fofo! A linda aqui achando um barato o reencontro e o rapagão querendo vacina!!!! Palhaço-Saúde!
Respondi que pela resolução do Ministério da Saúde os obesos tinham direito à vacinação. Ele insistiu e disse que se não conseguisse, me ligava. Tá, deve ter conseguido, porque telefonema, zero.
É mole ou quer mais?
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E sábado, estou voltando do plantão à noite e me toca o telefone. Amiga me cobrando porque não fui à festa de noivado de Pianista e Boterinha. Como a festa ainda tava rolando, tinha começado no fim da tarde, passei lá prá dar um abraço no feliz casal. E pensei que quase que é comigo, afinal, Pianista passou uns bons meses na indecisão se declarava ou não seu interesse sério pela moçoila que vos escreve. Ficamos umas duas ou três vezes, a última aqui na rua, dentro do carro, tempo o suficiente prá esgotar a bateria com o ar condicionado ligado no máximo (mas não rolou nada demais, acreditem...). Coitado, me lembro que na época ele teve que bater à porta de Mogrelo prá pedir ajuda prá empurrar o carango, às 3 e meia da matina.
O ó todo é que Pianista tinha o péssimo hábito de queimar seu cigarrinho do capeta vez ou outra, e, claro, bancar o aspirador de pó quando dava na telha. Eu tenho meus vícios, bebo quase de segunda a segunda, mas sou radicalmente contra outras drogas. Nunca recriminei, mas sempre coloquei meu pensamento com muita certeza.
Ele viu isso como um baita impecilho, e por fim se afastou. Eu não liguei muito, mas teve uma época que achei besteira duas pessoas que se entendiam super bem, tinham a maior química, ficar de bobeira. Então liguei prá ele às vésperas de ele viajar a Recife, pro carnaval. Ele disse que me ligava na volta, mas isso nunca aconteceu.
Eis que estava eu numa apresentação de samba da banda dele e de Mogrelo, e no intervalo uma mocinha vem e tasca um beijo no Pianista. Fiquei surpresa. Questionei Amiga e Mogrelo, e eles me falaram que ele achou melhor não tentar nada comigo por achar que não daria certo.
Tá, hoje os dois formam um casal lindo, se apoiam prá se manter sóbrios - Boterinha também é chegada no ilícito - e torço pelos dois. Já disse que a primeira peça do enxoval quem borda sou eu (sou a melhor nisso). Mas matuto comigo se minha sinceridade extrema e meu hábito de falar o que pensa na lata não atrapalhou tudo. Sei lá...
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...só sei que, no fim das contas, falei rasgado prá um Certo Alguém que o queria só prá mim, que o adorava há tempos. Entrou por um ouvido e saiu pelo outro. Enquanto uns ouvem e guardam, outros fingem que escutam.
Mereço?