sábado, 30 de abril de 2011

Surpresas da Vida ou o Passado pertence ao Passado

Eu não me lembro nem vou ficar procurando se eu já comentei alguma vez que fui noiva, há dez anos atrás.
Sim, eu tinha um noivo. Ele era holandês. Nos conhecemos pela net, ele veio prá cá, namoramos, noivamos, nos viamos a cada 40 dias.
Aí que acabei conhecendo alguém, e terminei o noivado. Foi chato, foi traumático, minha familia parou de falar comigo, pois ninguém gostava do então atual namorado, e todo mundo amava o holandês, Jan-Henk.
Da última vez que nos falamos, ele era puro rancor, chorava e praguejava horrores, mas eu entendi e nunca tive raiva dele. Na verdade, eu tinha muita consciência que eu tinha sacaneado, porque eu o traí. Certa vez, durante uma apresentação do coral onde eu cantava, ele estava na igreja, na platéia, tirando fotos prá mim, e quando uma parte do grupo se recolhia prá sacristia para outros apresentarem algum solo, eu ficava lá aos beijos com o tal outro, que também cantava. Então, porra, eu sacaneei feio. Não precisava ter sido daquele jeito. Mas já foi.
Bom, o outro namoro durou 2 anos e 4 meses. Depois, conheci o pai do Filhote. Então, estava escrito que tudo tinha que acontecer daquele jeito.
Dados os acontecimentos da minha vida, o jeito como eu me fudi de verde e amarelo em muitas tentativas de relacionamento, uma vez, aos prantos, cheguei a falar que Deus estava me punindo por ter sacaneado o Henk. Besteira, eu sei, mas a gente é imperfeito.
Bom, o fato é que nunca mais ouvi falar do Henk. Então, em 2004 minha mãe - que adorava o cara e sua familia - praticamente me obrigou a escrever pros pais dele, na Holanda. Eles contaram que ele estava no Peru, casado, e que ia ter uma filha. "Ótimo, pensei aliviada, ele está feliz."
Depois dessa época nunca mais soube nada.
Por uma curiosidade qualquer, natural, penso eu, procurei por ele algumas vezes na rede, nunca encontrando. Depois, deixei. O fato é que nem teria assunto prá conversar, prá ser sincera.
Uma série de fatores me levaram a terminar com o Henk. Muita coisa. Mas tinha uma em particular que me irritava muitíssimo: ele perdeu a virgindade comigo,aos 31 anos. Porra, cara, eu tinha 24 e sabia mais que ele. Sei lá, isso deixou-o deslumbrado demais, eu eu passei a ser o ar que ele respirava. Se ele chamasse no chat e dentro de 30 segundos eu não respondesse, era um caos! Se me telefonasse lá da putaquepariu da Holanda e eu estivesse em aula e não pudesse atender, quando nos falávamos faltava pouco o cara entrar pelo fio do telefone. Era dependente, me sufocava, mesmo de longe. Quando estava aqui, faltava pouco ir atrás de mim no banheiro, e me olhava com uma devoção perturbadora.
Pois eis que terça feira última, no mesmo dia em que recebi o telefonema da coleguinha bacana, abri meu msn e tinha um convite. Dele. Aceitei de boa, e ele estava online, chamou prá conversar.
Está lá, na Holanda. Voltou prá lá em 2004 mesmo, teve sua filha, Valentina, lá.
Disse que há anos vem reunindo coragem prá falar comigo. Que me achou diversas vezes, que via todas as minhas fotos no orkut (putz, eu sei que tá na rede vai ser visto, mas eu me senti muito incomodada sabendo que ele me 'vigiava' assim), mas que tinha medo de puxar conversa.
Contou um pouco de sua vida, mas eu não tinha tempo prá falar, tinha que sair prá buscar o Filhote na escola. Fiquei de falar depois. Só que, na correria do dia a dia, só pude voltar a ligar meu netbook ontem, por uns minutinhos, prá ver meus e-mails que se acumulavam.
Aí veio à luz o que eu disse lá em cima: assim que meu msn se abriu tinha uns 20 recados dele.
"Porque você não me escreve?" "Estou ansioso demais para te ver na webcam" "Você sempre será a mulher da minha vida, não esqueço nosso primeiro beijo", blábláblá.
E, claro, ele estava on.
Entrei de sola. Perguntei porque estava tão ansioso. Falei que trabalhava demais, que não tinha tanto tempo quanto antes. Falei que não gostava daquele tom de dependente dele. Que 10 anos depois, ele continuava o mesmo cara inseguro de sempre.
Porra, me perturba isso!
Daí veio com aquela: "me dá seu número, quero te ligar, ouvir sua voz". Não, putaquepariu! Você é um cara casado agora,tem uma família linda, uma esposa que te ama e morre de ciúmes (ele mandou um e-mail gigante contando muita coisa e fotos da filha e dele). Não, Henk, o passado pertence ao passado. Vamos deixá-lo lá. Serei sempre sua amiga, mas não.
Ele insistiu, pediu fotos. Não, Henk. Você lê sempre meu orkut, né? Lá tem foto prá caramba (embora eu nem entre mais lá há uns 4 meses). Ele que veja por lá, se quiser.
Eu não vou alimentar isso. Eu não sou a mulher incrível que ele pensa. Ele sabe disso e fica lá, me colocando em pedestal. Me irrita. Muita gente acha que nunca mais alguém vai me amar com essa força toda, mas nem sei se isso é amor.

Eu sou uma pessoa normal, cheia de defeitos, e eu não quero um homem que me veja como seu chão.



2 comentários:

  1. sei lá... é estranho... um ex voltando das cinzas assim... num gosto não!

    ResponderExcluir
  2. menina, eu costumo manter excelente relações com meus ex...mas, devo confessar que isso só se torna possível depois que esta parte: "não sei viver sem voc~e" já se acalmou...O que me parece que não aconteceu com o seu.
    Bjs

    ResponderExcluir

abriram a concha: